Foto de Juarez Fonseca. 1979.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
O tempo não drena tudo
Foto de Juarez Fonseca, 1979. Festival de Música de Torres. Bar do Farol Hotel.
Ao fundo está o Valdir Semeão de Mello, de costas para o Talo Pereira, de boné branco, grande compositor de escola de samba e das tribos. Ao meu lado, tenho quase certeza, é Rogério Ruchel, torrense da gema.Sobre a mesa um maço de Ministre e o perfil dum copo de cerveja. As garrafas, sem contas, ocultas.
Obrigado ao Juarez pela recordação especial.
Ao fundo está o Valdir Semeão de Mello, de costas para o Talo Pereira, de boné branco, grande compositor de escola de samba e das tribos. Ao meu lado, tenho quase certeza, é Rogério Ruchel, torrense da gema.Sobre a mesa um maço de Ministre e o perfil dum copo de cerveja. As garrafas, sem contas, ocultas.
Obrigado ao Juarez pela recordação especial.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Gol da bola
Uma vez, num campeonato brasileiro sei qual, o zagueiro, do Inter, Wilson, de centroavante, não tocou na bola. Estava no lance, no primeiro pau, mas um segundo depois. Foi uma bola rasa, a do cruzamento do Fernandão. Passou intacta por seis pernas. Os narradores gritaram gol! Na ânsia de nomearem o responsável, escolheram o Wilson. Não foi. Nem Fernandão, mesmo que a única e última gota de sêmen na esfera fosse da chuteira dele.
Às vezes, quando alguém cruza ou lança uma bola para a grande área perde a autoria do que acontecerá. É uma tarefa que se subordina ao destino. É uma antecedência. É um serviço. Tem a latência do devenir, mas seu caracter é de passe. Não concede autoria, mesmo se a bola for parar no fundo do gol. É do jogo. É gol da bola. Nesse lance acima, a vocação da bola era de ser um cruzamento para o resto da sua vida. No meio do caminho, autônoma, resolveu ser protagonista. Todo o dia, toda a noite acontece uma destas. Ninguém quer se ater. Acham menor. Eu não. Foi assim que o Inter empatou aquele jogo contra o Flamengo. Com um gol da bola.
Pode o leitor assaltar esta exposição com a palavra assistência. Nalguns palcos do futebol contabilizam esta rubrica. Fulano: tantos chutes, tantas assistências. Vem do basquete. Mas o fundamento da assistência é de outra ordem. Ela é cúmplice do lance cabal. Aí sim, a co-autoria é legitimada: uma “metida”, uma tabela, um passe “milimétrico”.Tá! É só fazer “diz o mentor momentos antes do companheiro finalizar o intento. Este então, se não culminar, estará condenado. Um passe açucarado, uma papa, uma papinha é propor uma delicadeza ao companheiro. O jogador da” assistência “, não se enganem, goza, como se fosse um gol a benevolência concedida”. Valdomiro fazia isso para o Claudiomiro entrar de peixinho no primeiro pau. Rivelino, Bráulio e Gerson, nem se fala. Ronaldinho, quando quer, fascina este último passe. Perdigão, eu falei Perdigão, idem. Meu irmão, Cezar dizia aos berros: Faz! Era pro cara não errar, ou melhor, para o cara se dar conta do esforço da antecedência.
Uma vez, num campeonato brasileiro sei qual, o zagueiro, do Inter, Wilson, de centroavante, não tocou na bola. Estava no lance, no primeiro pau, mas um segundo depois. Foi uma bola rasa, a do cruzamento do Fernandão. Passou intacta por seis pernas. Os narradores gritaram gol! Na ânsia de nomearem o responsável, escolheram o Wilson. Não foi. Nem Fernandão, mesmo que a única e última gota de sêmen na esfera fosse da chuteira dele.
Às vezes, quando alguém cruza ou lança uma bola para a grande área perde a autoria do que acontecerá. É uma tarefa que se subordina ao destino. É uma antecedência. É um serviço. Tem a latência do devenir, mas seu caracter é de passe. Não concede autoria, mesmo se a bola for parar no fundo do gol. É do jogo. É gol da bola. Nesse lance acima, a vocação da bola era de ser um cruzamento para o resto da sua vida. No meio do caminho, autônoma, resolveu ser protagonista. Todo o dia, toda a noite acontece uma destas. Ninguém quer se ater. Acham menor. Eu não. Foi assim que o Inter empatou aquele jogo contra o Flamengo. Com um gol da bola.
Pode o leitor assaltar esta exposição com a palavra assistência. Nalguns palcos do futebol contabilizam esta rubrica. Fulano: tantos chutes, tantas assistências. Vem do basquete. Mas o fundamento da assistência é de outra ordem. Ela é cúmplice do lance cabal. Aí sim, a co-autoria é legitimada: uma “metida”, uma tabela, um passe “milimétrico”.Tá! É só fazer “diz o mentor momentos antes do companheiro finalizar o intento. Este então, se não culminar, estará condenado. Um passe açucarado, uma papa, uma papinha é propor uma delicadeza ao companheiro. O jogador da” assistência “, não se enganem, goza, como se fosse um gol a benevolência concedida”. Valdomiro fazia isso para o Claudiomiro entrar de peixinho no primeiro pau. Rivelino, Bráulio e Gerson, nem se fala. Ronaldinho, quando quer, fascina este último passe. Perdigão, eu falei Perdigão, idem. Meu irmão, Cezar dizia aos berros: Faz! Era pro cara não errar, ou melhor, para o cara se dar conta do esforço da antecedência.
Assinar:
Postagens (Atom)