Rola na cabeça um samba capricho.
Fumo o cheiro do couro carmim.
Um mulato paira na rua antes da esquina, na beira do sal.
Veste a bandeira laranja.
Canta um solo dolente e ensina a gemer.
O coração vai aos pulos quando esquenta a bateria.
Noite escorrendo nas vias onde mora o Brasil.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Blogueiro
Puxa, creio que não tenho o dna de blogueiro. Neguinho que é do ramo, eu sei, todo o dia se manca e posta um lance, um recado que for. Não sei como se comportam estes blogueiros profissionais. Devem reservar uma hora canônica, que se impõe. Uma disciplina à fruição.
Mas meus dedos no teclado desta máquina ficam ocupados com outras praias e demandas e, quando noto, as horas já abateram o dia. Ou ainda, eles autônomos, se mandam vadios para o braço do meu violão, que aqui está lindeiro, para uma melodia que me assalta. Daí, já é outro dia.
Quando intentei o blog achava que seria uma vertente diária de texto. Menti.Pior. Menti para os que visitam blogs e lá se deparam com o pretérito. Putz, coisa chata isso. Prometo, ainda que sob a nuvem da traição, estar mais assíduo nesta ciber cancha. Vou deixar um verso sobre isso: "Quando a gente seduz, o mar pode ficar bravio..."
Mas meus dedos no teclado desta máquina ficam ocupados com outras praias e demandas e, quando noto, as horas já abateram o dia. Ou ainda, eles autônomos, se mandam vadios para o braço do meu violão, que aqui está lindeiro, para uma melodia que me assalta. Daí, já é outro dia.
Quando intentei o blog achava que seria uma vertente diária de texto. Menti.Pior. Menti para os que visitam blogs e lá se deparam com o pretérito. Putz, coisa chata isso. Prometo, ainda que sob a nuvem da traição, estar mais assíduo nesta ciber cancha. Vou deixar um verso sobre isso: "Quando a gente seduz, o mar pode ficar bravio..."
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Tem Show neste domigo!
Foto de 1976. Suzana Castro e Souza e Nelson. Dos arquivos de Juarez Fonseca
O Teatro de Arena e o “Crocodilo Chorou”.
Meus,
Vou fazer um show, no próximo domingo, dia 30, às 20 hs, no Teatro de Arena, dentro da programação que festeja os 40 anos deste símbolo útero/proscênio.
Por falar em ventre e Teatro de Arena, foi ano da graça de 1977 que, bem ali, se pariu outra efeméride: "O Crocodilo Chorou”, meu primeiro espetáculo nesta província. Teve a direção de Luciano Alabarse, a produção da Dedé Ribeiro (a primeira produção dela) - e fui acompanhado pelo Grupo Olho da Rua. Acontecia a “função” num horário chamado "maldito". Meia-noite. Pois se dava logo após a peça que o Jairo de Andrade levava na época... Foram sete semanas em cartaz... Exatos, 30 anos se passaram.
Então e daí...Além do repertório atual... Vou cantar algumas do roteiro do Crocodilo Chorou: "AMOR E DOR", "TUTELADA RAMA", "MAGRICELA” entre outras que a memória permitir. Para isso, convidei a Suzana Castro e Souza, minha irmã. Ela cantava comigo desde sempre... Emoção bonita estar novamente com ela naquele palco.
Vai ser apenas uma doce saudade que vou deixar derramar, sem pieguice, sem cronofobia...
O tempo não drena tudo.
Com estima,
Nelson
Box do Serviço
Show de Nelson Coelho de Castro
Dia 30 de Novembro - Domingo
Às 20 hs
PREÇOS POPULARES: R$ 5,00 e R$ 10,00
TEATRO DE ARENAAv. Borges de Medeiros, 835Reservas de Ingressos: Fone 32260242
Meus,
Vou fazer um show, no próximo domingo, dia 30, às 20 hs, no Teatro de Arena, dentro da programação que festeja os 40 anos deste símbolo útero/proscênio.
Por falar em ventre e Teatro de Arena, foi ano da graça de 1977 que, bem ali, se pariu outra efeméride: "O Crocodilo Chorou”, meu primeiro espetáculo nesta província. Teve a direção de Luciano Alabarse, a produção da Dedé Ribeiro (a primeira produção dela) - e fui acompanhado pelo Grupo Olho da Rua. Acontecia a “função” num horário chamado "maldito". Meia-noite. Pois se dava logo após a peça que o Jairo de Andrade levava na época... Foram sete semanas em cartaz... Exatos, 30 anos se passaram.
Então e daí...Além do repertório atual... Vou cantar algumas do roteiro do Crocodilo Chorou: "AMOR E DOR", "TUTELADA RAMA", "MAGRICELA” entre outras que a memória permitir. Para isso, convidei a Suzana Castro e Souza, minha irmã. Ela cantava comigo desde sempre... Emoção bonita estar novamente com ela naquele palco.
Vai ser apenas uma doce saudade que vou deixar derramar, sem pieguice, sem cronofobia...
O tempo não drena tudo.
Com estima,
Nelson
Box do Serviço
Show de Nelson Coelho de Castro
Dia 30 de Novembro - Domingo
Às 20 hs
PREÇOS POPULARES: R$ 5,00 e R$ 10,00
TEATRO DE ARENAAv. Borges de Medeiros, 835Reservas de Ingressos: Fone 32260242
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Giba Giba
(uma cidade, um país, lugarejo...).
O edifício Sulacap tem telhado. Corpanzil sólido. Janelas francas. Largo feitio, argamassa e ferro. Altivo. Perene. Colunas robustas, passeio de pastilhas creme. Um selo porto-alegrense. Aliás, é o edifício mais porto-alegrense para qualquer porto-alegrense ou recém alheio. Nesta foto, bem ao fundo, ao centro, a face sul do triângulo de suas telhas deseja o céu.
Vamos para ao cavalheiro em primeiro plano. Chama-se Gilberto Amaro do Nascimento, Giba Giba. Ele se aproxima em magia. Mas, repare, que, canhoto, nos acena, nos cumprimenta, nos aponta o dedo. Parece querer fazer uma observação metafísica...
Vem sorrindo, pelo tempo sem tempo e pelo caráter. O riso líquido, também, quem sabe, além das razões referidas – poderia ser por uma palavra luz que lhe veio aos lábios...
...Que nada, pensei... Noto que está olhando para o lado.Exatamente no instante depois de nos ter olhado... Daí o riso além cordial. Pois que é para nós a graça que estende em tamanha fidalguia... Ora, ele nos conhece... São muitos anos, são muitos séculos... sabem quem somos, onde moramos, de quem gostamos... Nesta cena, diante do o Sr. Gilberto e da cidade em moldura - estamos momentos antes de sermos abraçados pela história...
O edifício Sulacap tem telhado. Corpanzil sólido. Janelas francas. Largo feitio, argamassa e ferro. Altivo. Perene. Colunas robustas, passeio de pastilhas creme. Um selo porto-alegrense. Aliás, é o edifício mais porto-alegrense para qualquer porto-alegrense ou recém alheio. Nesta foto, bem ao fundo, ao centro, a face sul do triângulo de suas telhas deseja o céu.
Vamos para ao cavalheiro em primeiro plano. Chama-se Gilberto Amaro do Nascimento, Giba Giba. Ele se aproxima em magia. Mas, repare, que, canhoto, nos acena, nos cumprimenta, nos aponta o dedo. Parece querer fazer uma observação metafísica...
Vem sorrindo, pelo tempo sem tempo e pelo caráter. O riso líquido, também, quem sabe, além das razões referidas – poderia ser por uma palavra luz que lhe veio aos lábios...
...Que nada, pensei... Noto que está olhando para o lado.Exatamente no instante depois de nos ter olhado... Daí o riso além cordial. Pois que é para nós a graça que estende em tamanha fidalguia... Ora, ele nos conhece... São muitos anos, são muitos séculos... sabem quem somos, onde moramos, de quem gostamos... Nesta cena, diante do o Sr. Gilberto e da cidade em moldura - estamos momentos antes de sermos abraçados pela história...
A foto é de Luiz Antonio Catafesto. Contracapa do disco Outro Um, de Giba Giba.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
O tempo não drena tudo
Foto de Juarez Fonseca, 1979. Festival de Música de Torres. Bar do Farol Hotel.
Ao fundo está o Valdir Semeão de Mello, de costas para o Talo Pereira, de boné branco, grande compositor de escola de samba e das tribos. Ao meu lado, tenho quase certeza, é Rogério Ruchel, torrense da gema.Sobre a mesa um maço de Ministre e o perfil dum copo de cerveja. As garrafas, sem contas, ocultas.
Obrigado ao Juarez pela recordação especial.
Ao fundo está o Valdir Semeão de Mello, de costas para o Talo Pereira, de boné branco, grande compositor de escola de samba e das tribos. Ao meu lado, tenho quase certeza, é Rogério Ruchel, torrense da gema.Sobre a mesa um maço de Ministre e o perfil dum copo de cerveja. As garrafas, sem contas, ocultas.
Obrigado ao Juarez pela recordação especial.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Gol da bola
Uma vez, num campeonato brasileiro sei qual, o zagueiro, do Inter, Wilson, de centroavante, não tocou na bola. Estava no lance, no primeiro pau, mas um segundo depois. Foi uma bola rasa, a do cruzamento do Fernandão. Passou intacta por seis pernas. Os narradores gritaram gol! Na ânsia de nomearem o responsável, escolheram o Wilson. Não foi. Nem Fernandão, mesmo que a única e última gota de sêmen na esfera fosse da chuteira dele.
Às vezes, quando alguém cruza ou lança uma bola para a grande área perde a autoria do que acontecerá. É uma tarefa que se subordina ao destino. É uma antecedência. É um serviço. Tem a latência do devenir, mas seu caracter é de passe. Não concede autoria, mesmo se a bola for parar no fundo do gol. É do jogo. É gol da bola. Nesse lance acima, a vocação da bola era de ser um cruzamento para o resto da sua vida. No meio do caminho, autônoma, resolveu ser protagonista. Todo o dia, toda a noite acontece uma destas. Ninguém quer se ater. Acham menor. Eu não. Foi assim que o Inter empatou aquele jogo contra o Flamengo. Com um gol da bola.
Pode o leitor assaltar esta exposição com a palavra assistência. Nalguns palcos do futebol contabilizam esta rubrica. Fulano: tantos chutes, tantas assistências. Vem do basquete. Mas o fundamento da assistência é de outra ordem. Ela é cúmplice do lance cabal. Aí sim, a co-autoria é legitimada: uma “metida”, uma tabela, um passe “milimétrico”.Tá! É só fazer “diz o mentor momentos antes do companheiro finalizar o intento. Este então, se não culminar, estará condenado. Um passe açucarado, uma papa, uma papinha é propor uma delicadeza ao companheiro. O jogador da” assistência “, não se enganem, goza, como se fosse um gol a benevolência concedida”. Valdomiro fazia isso para o Claudiomiro entrar de peixinho no primeiro pau. Rivelino, Bráulio e Gerson, nem se fala. Ronaldinho, quando quer, fascina este último passe. Perdigão, eu falei Perdigão, idem. Meu irmão, Cezar dizia aos berros: Faz! Era pro cara não errar, ou melhor, para o cara se dar conta do esforço da antecedência.
Uma vez, num campeonato brasileiro sei qual, o zagueiro, do Inter, Wilson, de centroavante, não tocou na bola. Estava no lance, no primeiro pau, mas um segundo depois. Foi uma bola rasa, a do cruzamento do Fernandão. Passou intacta por seis pernas. Os narradores gritaram gol! Na ânsia de nomearem o responsável, escolheram o Wilson. Não foi. Nem Fernandão, mesmo que a única e última gota de sêmen na esfera fosse da chuteira dele.
Às vezes, quando alguém cruza ou lança uma bola para a grande área perde a autoria do que acontecerá. É uma tarefa que se subordina ao destino. É uma antecedência. É um serviço. Tem a latência do devenir, mas seu caracter é de passe. Não concede autoria, mesmo se a bola for parar no fundo do gol. É do jogo. É gol da bola. Nesse lance acima, a vocação da bola era de ser um cruzamento para o resto da sua vida. No meio do caminho, autônoma, resolveu ser protagonista. Todo o dia, toda a noite acontece uma destas. Ninguém quer se ater. Acham menor. Eu não. Foi assim que o Inter empatou aquele jogo contra o Flamengo. Com um gol da bola.
Pode o leitor assaltar esta exposição com a palavra assistência. Nalguns palcos do futebol contabilizam esta rubrica. Fulano: tantos chutes, tantas assistências. Vem do basquete. Mas o fundamento da assistência é de outra ordem. Ela é cúmplice do lance cabal. Aí sim, a co-autoria é legitimada: uma “metida”, uma tabela, um passe “milimétrico”.Tá! É só fazer “diz o mentor momentos antes do companheiro finalizar o intento. Este então, se não culminar, estará condenado. Um passe açucarado, uma papa, uma papinha é propor uma delicadeza ao companheiro. O jogador da” assistência “, não se enganem, goza, como se fosse um gol a benevolência concedida”. Valdomiro fazia isso para o Claudiomiro entrar de peixinho no primeiro pau. Rivelino, Bráulio e Gerson, nem se fala. Ronaldinho, quando quer, fascina este último passe. Perdigão, eu falei Perdigão, idem. Meu irmão, Cezar dizia aos berros: Faz! Era pro cara não errar, ou melhor, para o cara se dar conta do esforço da antecedência.
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